Parque Túria de Valência: do desvio do rio ao oásis
Conheça a fascinante história do Parque Turia, desde sua origem como leito de rio até se tornar o maior parque urbano da Espanha.
Hoje vamos contar a história do rio Túria e sua relação com a cidade. Este rio espanhol nasce nos Montes Universais no Sistema Ibérico, especificamente na província de Teruel. Seu curso atravessa as províncias de Teruel, Cuenca, até desembocar em Valência após 280km de percurso. Sua água é muito importante para as culturas do arroz, das laranjas e das oliveiras, tanto que é o centro da história do desenvolvimento da região de Valência.
Em 14 de outubro de 1957, o Túria sofreu uma cheia que inundou quase completamente a cidade de Valência, causando grandes danos físicos e humanos. O desastre levou a cidade à beira do colapso, mas a resposta a essa tragédia delineou o futuro urbano de Valência. Após a enchente, surgiu a necessidade de desviar o rio Túria para evitar futuras calamidades. Várias opções foram consideradas, mas a solução de desvio para o sul foi escolhida para conter o curso indomável do rio. Com o rio contido, surgiu a questão do que fazer com seu leito antigo. Para entender essa curiosa história em etapas:
Ato 1: Desastre e Transformação em Valência
A história do Jardim do Túria, o atributo mais distintivo de Valência, começou com uma catástrofe natural e uma ameaça. A enchente de outubro de 1957 foi o evento mais impactante do último século. Cerca de 80 mortos e uma devastação generalizada marcaram aquele dia 14, desencadeando uma nova era para a cidade. Na fase final da autarquia pós-guerra, o rio Turia, em sua fúria, desafiou o regime franquista e marcou um ponto de virada no desenvolvimento urbano.
O Parque do Jardim do Túria trouxe vida e renovação ao antigo leito do rio, simbolizando superação para os Valencianos. O medo abriu espaço para um local de paz, saúde e contemplação, e o que antes dividia a cidade, hoje, a conecta.
Ato 2: Planejamento e Resistência
Após o desastre, surgiu a necessidade de desviar o rio da cidade. Diversas propostas foram consideradas, mas a Solução Sul prevaleceu, ampliando a capacidade de drenagem e evitando uma possível tragédia. Enquanto isso, a ideia de transformar o antigo leito do rio em uma autopista encontrou resistência de muitas pessoas, que defendiam a criação de um espaço verde.
Ato 3: A Luta pela mudança
A sociedade civil organizou-se para reivindicar a transformação do antigo leito do rio em um parque. Debates acalorados, manifestos e campanhas de conscientização culminaram na rejeição oficial do projeto de autopista pelo governo. A visão de um leito verde tornou-se uma causa popular, marcando um momento crucial na história da cidade.
Ato 4: Visão e Implementação no Leito do Rio
Com a chegada da democracia, Pérez Casado assumiu a prefeitura e buscou transformar a visão do parque do Túria em realidade. Com o auxílio do renomado arquiteto espanhol Ricardo Bofill, o antigo leito do rio foi declarado uma zona verde e o projeto ganhou impulso.
Bofill apresentou uma visão inovadora que combinava respeito à história com novos usos urbanos, preparando o terreno para a transformação do espaço. Além disso, o Palácio das Artes, um grande teatro de ópera de renome, tornou-se uma das atrações importantes na área do Parque Túria.
Ato 5: Rumo ao Futuro
Ao longo dos anos, o Jardim do Túria tornou-se um símbolo de resiliência e renovação para Valência. O desenvolvimento de diversas instalações e atrações no parque demonstrou seu potencial como espaço público vital. Agora, com planos de estender o parque até o mar, a cidade está prestes a concluir mais uma transformação urbana: o projeto (Con)fluir.
Reforçando o laço entre a cidade e suas origens fluviais, o novo Parque de Desembocadura de Valencia conectará o Jardim do Túria ao mar através de um bosque urbano que resgata a a biodiversidade original do leito do rio enquanto fortalece o vínculo da cidade com a costa.
Leia mais: Projeto (Con)fluir para o novo Parque de Desembocadura de Valência.
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