Arquitetura Dreamscapes: realidade ou sonho?
A união extraordinária entre realidade e imaginação, onde espaços físicos e digitais se entrelaçam em paisagens que desafiam limites criativos.
Vivemos em um mundo repleto de imagens e estímulos visuais de todos os tipos e, na arquitetura, também participamos desse mundo através de ferramentas como modelagem 3D e renderização. Mas as leis no mundo digital são diferentes das do mundo real e esse novo mundo não é regido pelas leis da física e mecânica, mas por leis alfanuméricas sobre as quais temos controle.
Mundos exóticos, universos distantes, inspirações oníricas: a fuga digital, que começa e termina dentro das quatro paredes de casa, supera os limites tangíveis do design de interiores. Hoje, com acesso a todo tipo de informação, ferramentas que antes eram exclusivas de um único campo, tornaram-se acessíveis a todos, possibilitando novas formas de usá-los, para além de uma aplicação prática mas também para novos imaginários artísticos.
Uma classe emergente de artistas experimentam novas formas criativas, inaugurando uma estética surreal por meio de representações arquitetônicas e imagens geradas por computador, fundindo ficção e realidade. O resultado é uma galeria dedicada à fuga, revelando o lado artístico e emocional da renderização: os dreamscapes.
Como uma abordagem arquitetônica que envolve a criação de ambientes que combinam elementos da realidade com elementos oníricos, surreais ou imaginários, os dreamscapes surgem como uma exploração criativa de ambientes que provocam emoções e proporcionam experiências sensoriais incomuns por não se limitar às restrições da arquitetura tradicional.
Dedicado a esse movimento impulsionado pela digitalização e desmaterialização do espaço vivido, a editora Gestalten, de Berlin, lançou em 2020 o livro "Dreamscapes & Artificial Architecture" com uma coleção de paisagens e interiores imaginados por artistas "trabalhando na interseção da arquitetura e tecnologia". Investigando as infinitas formas de conceituar oásis utópicos e pesadelos distópicos, o livro apresenta uma nova corrente criativa onde a realidade e a fantasia convivem em um equilíbrio fino.
Mas os filtros brilhantes, nuances pastel e iluminação cinematográfica obtidos por meio dos softwares de renderização mais comuns conseguem ser ainda melhor visualizados em uma tela, por isso sua expressividade em meios de comunicação digital.
As imagens são libertadas das restrições do mundo físico, onde paisagens oníricas ampliam as possibilidades para a arquitetura e o design de interiores. Explorando o poder hipnótico das imagens por uma espécie de ASMR espacial (Resposta Sensorial Meridiana Autônoma) evocando sentimentos de euforia e um breve senso de alívio.
As cenas promovidas pela estética Dreamscapes encorajam os espectadores a reexaminar o papel emocional do design e, apesar de sua base em software de modelagem 3D, sugerem fugas fictícias para necessidades reais de escapar.
“Poderíamos dizer que no visível se revelam dimensões não visíveis que vão desde a ordem da cultura até as da utopia e do desejo” - Nelly Schnaith.
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