Biografia: Souto de Moura
Conheça o arquiteto português, vencedor do Prêmio Pritzker 2011, reconhecido por sua arquitetura simples, funcional e sensível ao contexto de suas obras.
Eduardo Souto de Moura, renomado arquiteto português nascido em 25 de julho de 1952 no Porto, é uma figura emblemática na arquitetura contemporânea. Seu percurso acadêmico teve início na Escola Superior de Belas Artes do Porto, mas foi influenciado por um encontro com o escultor Donald Judd em Zurique, o que o levou a direcionar seus estudos para a arquitetura.
Após concluir a licenciatura em arquitetura em 1980, Souto de Moura estabeleceu seu próprio atelier no Porto, marcando o início de uma notável carreira como arquiteto independente. Desde então, suas obras têm se destacado pelo rigor e precisão nas formas, pela sensibilidade ao contexto e pela meticulosa seleção de materiais.
Os primeiros anos de sua carreira foram marcados por uma dualidade fascinante: além de exercer a função de professor auxiliar na Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, Souto de Moura consolidou sua reputação ao vencer o concurso para o projeto do Centro Cultural do Porto. Essa diversidade de experiências acadêmicas e profissionais moldou sua abordagem única à arquitetura.
Ao longo dos anos, sua colaboração com renomados arquitetos, como Álvaro Siza Vieira e Fernandes de Sá, contribuiu para seu desenvolvimento e reconhecimento internacional. Souto de Moura não apenas ministrou palestras em prestigiadas universidades ao redor do mundo, mas também deixou sua marca indelével na paisagem arquitetônica, sendo reconhecido com prêmios como o Pritzker em 2011 e o Wolf em 2013.
Sua habilidade em integrar a dimensão cultural e histórica em seus projetos é evidente em obras como a recuperação de ruínas em Vieira do Minho, o Mercado Municipal de Braga e a transformação do Convento de Amares. Sua abordagem prática e contextual, enfatizando a recuperação de materiais locais e técnicas tradicionais, destaca-se na transição do classicismo para a globalização.
Projetos notáveis como o Pavilhão do Conhecimento dos Mares na Expo 1998 de Lisboa, o Estádio de Braga premiado em 2006 e o Centro de Arte Contemporânea de Bragança em 2008, demonstram a versatilidade e adaptabilidade de Souto de Moura em diferentes contextos.
Recentemente, sua colaboração com Álvaro Siza em projetos como a estação de metrô Municipio em Nápoles e a reabilitação do Museu Cívico Abade Pedrosa em Santo Tirso, Portugal, evidencia sua constante busca pela expressão moderna e adaptabilidade às diferentes situações locais.
Frequentemente descrito como um neo-Mies, alguém que constantemente busca a originalidade, Souto de Moura reconhece a influência de Mies mas acredita que "é melhor não ser original, mas bom, em vez de querer ser muito original e ruim."
Em uma entrevista Souto de Moura explicou: "Mies me parece cada vez mais fascinante... Há uma maneira de lê-lo que é considerá-lo apenas como um minimalista. Mas ele sempre oscilou entre o classicismo e o neoplasticismo... Basta lembrar a última construção de sua vida, o edifício IBM, com essa poderosa base de travertinos que perfura para produzir uma porta gigantesca. Em seguida, ao contrário, ele foi para Barcelona e fez dois pavilhões, não é? Um deles era abstrato e neoplástico, e o outro era clássico, simétrico, com os cantos fechados... Ele estava experimentando. Ele já era tão moderno que era 'pós'."
Em 2011, Souto de Moura recebeu o prestigioso Prêmio Pritzker, reconhecendo seu trabalho como uma "prova convincente das modernas potencialidades expressivas da linguagem e da adaptabilidade às diferentes situações locais, sempre atentas ao contexto em seu sentido mais amplo e fundamentadas no lugar, no tempo e na função".
Eduardo Souto de Moura continua a influenciar a arquitetura contemporânea, sendo reconhecido não apenas por suas obras notáveis, mas também por sua capacidade única de associar as dimensões do tempo, espaço e arquitetura de maneira convincente e expressiva. Seu legado perdura, inspirando gerações futuras a explorar as potencialidades da arquitetura e sua relação essencial com o contexto e a cultura.
Reflita com Eduardo Souto de Moura
“Gosto das coisas por acabar. Uma casa acabada é uma ruína”
"Para criar coisas bonitas, é preciso perder o medo de fazer coisas feias."
“(…) As casas são como as pessoas. A frase é banal, outras são mais rebuscadas. Mas é uma espécie de segunda pele. Quer dizer, as pessoas têm uma alma interior, mas também têm uma alma exterior. Não é por acaso que, quando eu faço assim ou assim, estou a incomodar-te e não te estou a tocar. Portanto, há uma atmosfera, uma energia em que as pessoas se reveêm na sua identidade. Quer no corpo, quer na roupa, quer nas casas. Portanto, as casas são como as pessoas: diferentes, manipuláveis, mexem-se.”
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