Biografia: Souto de Moura

Conheça o arquiteto português, vencedor do Prêmio Pritzker 2011, reconhecido por sua arquitetura simples, funcional e sensível ao contexto de suas obras.

Biografia: Souto de Moura
Arquiteto Eduardo Souto de Moura

Eduardo Souto de Moura, renomado arquiteto português nascido em 25 de julho de 1952 no Porto, é uma figura emblemática na arquitetura contemporânea. Seu percurso acadêmico teve início na Escola Superior de Belas Artes do Porto, mas foi influenciado por um encontro com o escultor Donald Judd em Zurique, o que o levou a direcionar seus estudos para a arquitetura.

Casa do Cinema Manoel de Oliveira, projeto de Souto de Moura (1998)
Casa do Cinema Manoel de Oliveira, projeto de Souto de Moura (1998)

Após concluir a licenciatura em arquitetura em 1980, Souto de Moura estabeleceu seu próprio atelier no Porto, marcando o início de uma notável carreira como arquiteto independente. Desde então, suas obras têm se destacado pelo rigor e precisão nas formas, pela sensibilidade ao contexto e pela meticulosa seleção de materiais.

Torre Burgo, projeto de Souto de Moura (1991)
Torre Burgo, projeto de Souto de Moura (1991)

Os primeiros anos de sua carreira foram marcados por uma dualidade fascinante: além de exercer a função de professor auxiliar na Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, Souto de Moura consolidou sua reputação ao vencer o concurso para o projeto do Centro Cultural do Porto. Essa diversidade de experiências acadêmicas e profissionais moldou sua abordagem única à arquitetura.

Escola de Hotelaria e Turismo de Portalegre, projeto de ASouto de Moura (2003) 
Escola de Hotelaria e Turismo de Portalegre, projeto de ASouto de Moura (2003) 

Ao longo dos anos, sua colaboração com renomados arquitetos, como Álvaro Siza Vieira e Fernandes de Sá, contribuiu para seu desenvolvimento e reconhecimento internacional. Souto de Moura não apenas ministrou palestras em prestigiadas universidades ao redor do mundo, mas também deixou sua marca indelével na paisagem arquitetônica, sendo reconhecido com prêmios como o Pritzker em 2011 e o Wolf em 2013.

Alvaro Siza e Eduardo Souto de Moura
Arquitetos Alvaro Siza e Eduardo Souto de Moura

Sua habilidade em integrar a dimensão cultural e histórica em seus projetos é evidente em obras como a recuperação de ruínas em Vieira do Minho, o Mercado Municipal de Braga e a transformação do Convento de Amares. Sua abordagem prática e contextual, enfatizando a recuperação de materiais locais e técnicas tradicionais, destaca-se na transição do classicismo para a globalização.

Projetos notáveis como o Pavilhão do Conhecimento dos Mares na Expo 1998 de Lisboa, o Estádio de Braga premiado em 2006 e o Centro de Arte Contemporânea de Bragança em 2008, demonstram a versatilidade e adaptabilidade de Souto de Moura em diferentes contextos.

Estádio de Braga, projeto de Souto de Moura (2001)
Estádio de Braga, projeto de Souto de Moura (2001)

Recentemente, sua colaboração com Álvaro Siza em projetos como a estação de metrô Municipio em Nápoles e a reabilitação do Museu Cívico Abade Pedrosa em Santo Tirso, Portugal, evidencia sua constante busca pela expressão moderna e adaptabilidade às diferentes situações locais.

Edificio Senhora da Luz em Porto, projeto de Souto de Moura (2009)
Edificio Senhora da Luz em Porto, projeto de Souto de Moura (2009)

Frequentemente descrito como um neo-Mies, alguém que constantemente busca a originalidade, Souto de Moura reconhece a influência de Mies mas acredita que "é melhor não ser original, mas bom, em vez de querer ser muito original e ruim."

Em uma entrevista Souto de Moura explicou: "Mies me parece cada vez mais fascinante... Há uma maneira de lê-lo que é considerá-lo apenas como um minimalista. Mas ele sempre oscilou entre o classicismo e o neoplasticismo... Basta lembrar a última construção de sua vida, o edifício IBM, com essa poderosa base de travertinos que perfura para produzir uma porta gigantesca. Em seguida, ao contrário, ele foi para Barcelona e fez dois pavilhões, não é? Um deles era abstrato e neoplástico, e o outro era clássico, simétrico, com os cantos fechados... Ele estava experimentando. Ele já era tão moderno que era 'pós'."

Museu Cívico Abade Pedrosa, projeto de Alvaro Siza e Souto de Moura (2015)
Museu Cívico Abade Pedrosa, projeto de Alvaro Siza e Souto de Moura (2015)

Em 2011, Souto de Moura recebeu o prestigioso Prêmio Pritzker, reconhecendo seu trabalho como uma "prova convincente das modernas potencialidades expressivas da linguagem e da adaptabilidade às diferentes situações locais, sempre atentas ao contexto em seu sentido mais amplo e fundamentadas no lugar, no tempo e na função".

Casa das Histórias Paula Rego, projeto de Souto de Moura (2009)
Casa das Histórias Paula Rego, projeto de Souto de Moura (2009)

Eduardo Souto de Moura continua a influenciar a arquitetura contemporânea, sendo reconhecido não apenas por suas obras notáveis, mas também por sua capacidade única de associar as dimensões do tempo, espaço e arquitetura de maneira convincente e expressiva. Seu legado perdura, inspirando gerações futuras a explorar as potencialidades da arquitetura e sua relação essencial com o contexto e a cultura.

Reflita com Eduardo Souto de Moura

Arquiteto Eduardo Souto de Moura
Arquiteto Eduardo Souto de Moura

“Gosto das coisas por acabar. Uma casa acabada é uma ruína”

"Para criar coisas bonitas, é preciso perder o medo de fazer coisas feias."

(…) As casas são como as pessoas. A frase é banal, outras são mais rebuscadas. Mas é uma espécie de segunda pele. Quer dizer, as pessoas têm uma alma interior, mas também têm uma alma exterior. Não é por acaso que, quando eu faço assim ou assim, estou a incomodar-te e não te estou a tocar. Portanto, há uma atmosfera, uma energia em que as pessoas se reveêm na sua identidade. Quer no corpo, quer na roupa, quer nas casas. Portanto, as casas são como as pessoas: diferentes, manipuláveis, mexem-se.”